Somos o que comemos:

considerações sobre os limites entre humano e não-humano em Cadáver Exquisito, de Agustina Bazterrica

Autores

  • Raquel Riera Universidade Estadual de Campinas

Resumo

O presente trabalho busca analisar as fronteiras que diferenciam humanos e não-humanos na distopia Cadáver Exquisito (2018), da escritora argentina Agustina Bazterrica. Este interesse se dá na medida em que a obra é organizada em torno da completa dissolução daquilo que caracteriza o ser humano como tal com a intenção de relegá-lo ao mundo animal e possibilitar, assim, a questão central da ficção: o canibalismo institucionalizado. Para isso, serão analisadas as formas como o livro impõe essa redução ao animal, tanto por meio dos mecanismos de produção da indústria da carne ‒ o que pode até mesmo, de certo modo, ser visto como uma forma de operação necropolítica ‒ quanto por meio da ressignificação da linguagem. Objetiva-se, a partir dessas análises, evidenciar como a obra de Bazterrica dialoga com a maneira como os humanos atualmente já se consomem, metaforicamente, dentro do sistema capitalista, e como os limites entre humano e animal podem ser repensados como constituintes desse sistema.

Biografia do Autor

Raquel Riera, Universidade Estadual de Campinas

Possui graduação em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria Literária.

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Publicado

2022-09-16