Somos o que comemos:
considerações sobre os limites entre humano e não-humano em Cadáver Exquisito, de Agustina Bazterrica
Resumo
O presente trabalho busca analisar as fronteiras que diferenciam humanos e não-humanos na distopia Cadáver Exquisito (2018), da escritora argentina Agustina Bazterrica. Este interesse se dá na medida em que a obra é organizada em torno da completa dissolução daquilo que caracteriza o ser humano como tal com a intenção de relegá-lo ao mundo animal e possibilitar, assim, a questão central da ficção: o canibalismo institucionalizado. Para isso, serão analisadas as formas como o livro impõe essa redução ao animal, tanto por meio dos mecanismos de produção da indústria da carne ‒ o que pode até mesmo, de certo modo, ser visto como uma forma de operação necropolítica ‒ quanto por meio da ressignificação da linguagem. Objetiva-se, a partir dessas análises, evidenciar como a obra de Bazterrica dialoga com a maneira como os humanos atualmente já se consomem, metaforicamente, dentro do sistema capitalista, e como os limites entre humano e animal podem ser repensados como constituintes desse sistema.Downloads
Publicado
2022-09-16
Edição
Seção
Artigos