O artigo busca refletir sobre a possibilidade de construir uma pesquisa a partir da busca por uma epistemologia da escuta, entendendo que o ato de escutar pode ser executado pelo corpo todo e não está vinculado unicamente a palavra falada. Busca-se, assim, formas de escutar as memórias e experiências que formaram mulheres como educadoras de teatro, obedecendo as formas que as mesmas decidem narrar a si mesmas. Memórias e tempo são encaminhados aqui por Lélia Gonzales e Leda Maria Martins, como “restituição de uma história que não foi escrita” (GONZALES, 2019, 226) e que são rememoradas pelo corpo de quem as cotam, bem como da pesquisadora que as escuta. As maneiras de realizar a escuta orientam os passos dessa pesquisa, sendo uma metodologia em andamento conforme a pesquisa acontece, em um constante jogo entre experiência e teoria, exatamente nesta ordem. Oito mulheres foram convidadas a participar deste processo por meio de uma carta na qual foram colocadas questões sobre suas trajetórias como educadoras de teatro e cada qual decidiu o como gostaria responder. A partir de encontros presenciais, online, trocas e áudios ou continuidade das correspondências o trabalho se concluiu com a recriação de sete trocas e uma troca de áudios por whatsapp, esta última recriada a partir do encontro com Tânia Granussi, artista e educadora PCD visual. Dessa forma, caminhamos com Martins, Davis, Oyewùmí e outras para realizar essa escuta e escrita. Sugestão.
Biografia do Autor
Diane Boda, Universidade de São Paulo - USP
Educadora, atriz e assessora pedagógica atuando principalmente nas áreas de articulação de projetos sociais e culturais e educação de jovens. Mestranda no Programa de Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo.
