O RETRATO DE UMA SOCIEDADE DISJUNTIVA EM CAMINHOS CRUZADOS, DE ERICO VERISSIMO

Autores/as

  • Jaqueline Borges de Queiroz Universidade Estadual de Campinas

Resumen

Caminhos Cruzados, escrito na efervescência do debate sobre engajamento literário na década de 30, insere-se na ficção social do período ao trazer o retrato de uma sociedade brasileira na qual as diferentes classes sociais se relacionam, mas sem transpor os abismos que as separam – ou seja, uma sociedade disjuntiva. A própria estrutura do livro, através da “técnica do contraponto”, contribui para que os personagens se cruzem e realidades distintas convivam sem que as diferenças entre elas se apaguem. Além de abordar tais aspectos, este artigo busca evidenciar que, para além dos desníveis causados por desigualdades econômicas, o romance de Erico Verissimo também aborda a falta de coesão dentro das próprias classes sociais e famílias que retrata. Através da análise de alguns personagens, é possível perceber que tal disjunção é motivada por fatores como: adesão à modernidade, uma vez que membros de uma família de novos-ricos divergem sobre aderir ou não a hábitos americanos e europeus; letramento, pois há nas classes altas e baixas tanto personagens eruditos como menos letrados; e, por fim, capacidade de perceber o outro, já que os intelectuais – de ambas as classes – possuem percepções diferentes daqueles que são da sua ou de outra classe social.

Biografía del autor/a

Jaqueline Borges de Queiroz, Universidade Estadual de Campinas

Mestranda no Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem (Unicamp)

Publicado

2018-07-02