O GÊNERO NA AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM: EVIDÊNCIA DO CRITÉRIO SEMÂNTICO EM NOMES DE ANIMAIS
Abstract
O presente trabalho pretende investigar a marcação da categoria gramatical gênero em substantivos que nomeiam animais feita por crianças que estão aprendendo o português como língua materna. Sabemos que a distinção de gênero no português brasileiro é feita de forma binária: feminino e masculino, além disso, um dos critérios para a classificação dos substantivos em uma destas duas categorias se dá pela anteposição dos artigos (“o” e “a”) nas palavras. Outro critério é estabelecido de acordo com relações semânticas, como por exemplo, a associação entre gênero biológico e gênero gramatical, principalmente em substantivos animados. Para alguns estudiosos da língua como Lyons (1979), Camara Jr (1975), Bechara (2009) e Silva (2004) existe uma inconsistência entre o gênero gramatical ao ser tratado pela perspectiva semântica, sendo impossível justificar a razão de lápis, papel, tinteiro serem masculinos enquanto caneta, folha e tinta são femininos. Apesar disso, verificamos que nos anos da infância é comum que os aprendizes recorram a recursos semânticos para classificar o gênero, principalmente quando se trata de nomes de animais. Nessa perspectiva, o objetivo desta pesquisa é elencar e analisar dados de fala espontânea de crianças nativas do português brasileiro, verificando as atribuições realizadas por esses falantes ao abordar nomes de animais. Para tanto, construímos um corpus a partir das gravações de uma menina integrante do Projeto de Aquisição da Linguagem, do Instituto de Estudos da Linguagem IEL/UNICAMP. Nossos dados apontam que já nos anos iniciais o falante atribui aos substantivos a qualidade de feminino ou masculino fundamentadas no critério semântico, além disso, nessa idade o falante é capaz de utilizar o recurso da analogia para construir signos linguísticos.Downloads
Published
2018-06-25
Issue
Section
Artigos