VOZES DO ESPECTRO: DOCUMENTÁRIO SOBRE IDENTIFICAÇÃO E SATISFAÇÃO DE AUTISTAS COM A REPRESENTAÇÃO DO AUTISMO NA SÉRIE ATYPICAL
Autores
Helen Marinho
Universidade de Brasília
Resumo
Esta pesquisa teve como intuito verificar, por meio do registro audiovisual, como um grupo de pessoas autistas percebe a representação do autismo na série Atypical, do serviço de streaming Netflix. A verificação foi feita com a produção de um documentário, no qual foram reunidos os depoimentos de entrevistados e entrevistadas, e teve como foco os sentimentos de identificação e satisfação com a representação. A escolha pelo documentário deve-se à intenção de se reforçar o papel desse gênero como ferramenta de mobilização social. A razão para a escolha de Atypical reside na constatação de que, embora as três primeiras temporadas tenham uma média de aprovação de 66% a 87% por parte da crítica especializada e do público, baseando-se em agregadores de críticas de cinema e televisão, ainda assim houve espaço para apontamentos, feitos por pessoas no espectro autista, a respeito de uma representação imprecisa e, em alguns casos, estereotipada da condição. A metodologia envolveu pesquisa documental, revisão bibliográfica, pré-produção, produção e pós-produção. O documentário possibilitou um aprofundamento nos principais aspectos da representação autista em Atypical que suscitaram identificação no grupo entrevistado. Esses aspectos foram: crises autistas do protagonista; não entendimento de palavras, expressões, ironias, sarcasmo e brincadeiras; stims; dificuldades para socializar/fazer amizades, com o adendo da questão do masking; preferência por assuntos do próprio gosto; hipersensibilidades auditiva e visual; expectativa de que algo vá dar errado; padrões ritualizados de comportamento; e sofrimento de bullying no ambiente escolar. Quanto ao sentimento de satisfação com a representação autista na série, o resultado obtido foi heterogêneo. Essa heterogeneidade, já esperada devido à natureza qualitativa da obra, permitiu tanto apontamentos positivos, quanto comentários sobre estereótipos, exageros, dramatização na representação e a necessidade de uma abordagem um pouco mais diversa do espectro, incluindo a manifestação diferenciada dele em mulheres.
Biografia do Autor
Helen Marinho, Universidade de Brasília
Graduanda em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB).