Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa que estuda a utilização de postagens falsas, em meios digitais, que objetivam associar grupos e pessoas a crimes e temas sexuais como artifício de difamação. A produção de desinformações faz parte de uma estratégia para criação de atmosfera de crise, ameaça e pânico moral, favorecendo populistas conservadores, que estão em ascensão ao redor do mundo. Embora esta tática não seja recente, ela vem se intensificando nos últimos anos com a expansão do acesso à internet e à grande penetração das redes sociais e dos aplicativos de mensagens. Vozes de pessoas comuns passaram a fazer frente às de instituições já estabelecidas, grupos antes praticamente ignorados passaram a ser ouvidos e o processo democrático vive uma transformação irreversível. Não é mais necessário um governo fascista ou uma grande organização para que esse artifício seja utilizado com êxito por conservadores. Através de revisão bibliográfica, análises textuais e de signos não linguísticos, este estudo visa compreender o histórico recente do uso desta cruzada de difamação, analisando a retórica adotada e os fluxos de produção e disseminação destas desinformações.