No Brasil, o envolvimento de estudantes de Ensino Médio com a aprendizagem é um desafio, o que pode ser explicado por diversos fatores. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no país aponta um cenário preocupante para todas as disciplinas, incluindo as Ciências da Natureza. A Genética é uma dessas ciências que têm maior crescimento no mundo, mas seus conteúdos básicos presentes no Ensino Médio são considerados complexos para compreensão. Nesse contexto, investigamos a percepção de estudantes do Ensino Médio sobre conteúdos curriculares de Genética com maior dificuldade para aprendizagem. Durante 2019, foram realizados levantamentos com estudantes do Ensino Médio de escolas públicas que fazem parte da Regional de Ensino da Cidade de Botucatu-SP, compreendendo 32 instituições. Perguntamos aos estudantes se já tinham tido contato com diferentes tópicos de Genética, se esse contato foi por aulas teóricas e/ou práticas, e se aprenderam ou não. Dos 220 questionários distribuídos, 128 estudantes de 30 escolas da regional devolveram preenchidos. Para estudantes do primeiro e segundo anos do Ensino Médio, predominaram tópicos que não foram ministrados em aulas, como alelos, interações gênicas, transcrição, tradução e PCR. Para os mesmos estudantes das duas séries, destacaram-se outros tópicos que tinham sido ministrados, como organização celular, diversidade genética e herança ligada ao sexo. Na terceira série do Ensino Médio, houve considerável aumento no número de tópicos já estudados, com a inclusão de conteúdos como genes, mitose e meiose. Em todas as séries do Ensino Médio, a maior parte das atividades foi realizada de forma teórica. Para estudantes das três séries do Ensino Médio e para todos os tópicos de Genética questionados, a maior frequência de aulas práticas se correlacionou com a maior compreensão dos estudantes. Concluímos que a apropriação efetiva dos conteúdos de Genética, incluindo alguns polêmicos, vai além dos conceitos na escola.