O DOCUMENTÁRIO (AUTO)BIOGRÁFICO COMO ARQUIVO DA DITADURA BRASILERA: DIÁRIO DE UMA BUSCA, OS DIAS COM ELE E MARIGUELLA

Autores

  • Liniane Haag Brum Unicamp - Instituto de Estudos da Linguagem - Doutorado em Teoria e História Literária

Resumo

Esta comunicação propõe um método transversal e conceitualmente dicotômico visando a análise de uma amostra de documentários memorialistas que discutem a ditadura militar brasileira (1979-85). Além da centralidade do conceito de anarquivamento, a saber, “recolecionar as ruínas do arquivo e reconstruí-las de forma crítica” (SELIGMANN-SILVA, 2014, p. 38), depreendido da filosofia de Benjamin e inspirado na noção de colecionismo deste pensador; trabalhamos em confluência à teoria derridiana do arquivo: pois, se o “arquivo trabalha a priori contra si mesmo” (DERRIDA, 2001, p. 23), ele serviria ao campo da linguagem como uma possível chave de leitura da nossa cultura em direção diametralmente oposta ao arquivo como mero armazenador. De maneira suplementar, Michel Foucault postula que o arquivo “é, de início, a lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares” (2009, p.147): ótica que nos aproxima das narrativas fílmicas em questão como conjunto de enunciados, ou seja, como estruturas abertas nas quais se acumulam práticas descritivas (FIGUEIREDO, 2017, p. 31). Trata-se, aqui, de propor um método de dupla vertente, que vislumbra como a escritura fílmica a partir do anarquivamento perfaz, ela mesma, um grande arquivo sobre a ditadura militar. A ideia central é lançar mão de um modo de operar a análise de uma amostra de documentários audiovisuais cujas temáticas oscilam entre a narração (auto)biográfica com origem no trauma da morte, do exílio ou da tortura, e a memória e a recuperação da história política da ditadura civil-militar brasileira. È neste âmbito que se situa a eleição de Diário de uma busca (Flavia Castro, 2010) como filme-solar (MARZOCHI), com potencial para desdobrar as produções Os dias com ele (Maria Clara Escobar, 2012) e Mariguella (Isa Ferraz, 2012).

Biografia do Autor

Liniane Haag Brum, Unicamp - Instituto de Estudos da Linguagem - Doutorado em Teoria e História Literária

Mestre em Literatura e Crítica Literária (PUC/SP) e doutoranda em Teoria e História Literária

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Publicado

2018-07-02