PROCESSOS PARAFRÁSTICO-POLISSÊMICOS EM LIVROS DIDÁTICOS BRASILEIROS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
Palavras-chave:
Análise do Discurso, História das Idéias LingüísticasResumo
RESUMO: Conforme destaca Zoppi-Fontana (2004), a configuração do Mercosul – institucionalmente, com a assinatura dos Tratados de Assunção, em 1991 – foi acompanhada por um intenso processo de gramatização (Auroux, 1992) brasileira do português como língua estrangeira. Em nossa comunicação, concentrar-nos-emos sobre a produção editorial de livros didáticos brasileiros de ensino de português para falantes de outras línguas. Com efeito, é possível perceber um impulso nessa produção a partir do fim da década de 80, o que se relaciona ao aumento do poder do Mercado (Payer, 2005) – especificamente, à constituição do Mercosul. Nessas novas condições de produção, observamos um crescente processo de determinação discursiva, através do qual a língua ensinada nos livros didáticos passa a ser associada ao Brasil. Tal processo de determinação não incide, entretanto, sobre o nome da língua, como em outros momentos da gramatização brasileira. Isso se deve, em partes, à caução do lingüista aplicado nesse novo período da instrumentalização do português. Assim, se tivermos em vista os enunciados “a Língua Portuguesa do Brasil’ e “a Língua Portuguesa no Brasil” – propostos por Orlandi (1997) para caracterizar, respectivamente, o processo de gramatização no século XIX e aquele que se desenvolve após a Nomenclatura Gramatical Brasileira –, parece-nos que é antes o segundo que marca a instrumentalização brasileira do português como língua transnacional. Entretanto, a especificação “no Brasil” deixa de ser uma mera “localização de uma história particular” (ibidem, p. 4). Através dela, marca-se que é o Brasil que “exporta” sua língua nacional – e não Portugal –, o que tem seus efeitos do ponto de vista do Mercado. O português passa a aparecer, então, como uma “língua de comunicação”, urbana, “veicular” (Gobard, 1976), através da qual se pode obter “sucesso”. Essa é, segundo Payer (op. cit.), a recompensa prometida àqueles que obedecem às “leis do Mercado”, em tempos contemporâneos. RÉSUMÉ: À partir de l’Histoire des Idées Linguistiques et de l’Analyse du Discours, on étudie dans cet article la production éditoriale de livres didactiques d’enseignement de portugais comme langue étrangère. Nos recherches indiquent que la création du Mercosud répresente, en effet, un déclencheur de la grammatisation brésilienne. Dans ces nouvelles conditions de productions – marquées par l’accroissement du pouvoir du Marché –, le portugais apparaît comme une « langue de communication », véhiculaire, à travers laquelle on peut avoir du succès. La relation avec le Portugal est donc oblitérée, ce qui est aussi dû à la caution du linguiste appliqué.Downloads
Publicado
2008-11-05
Edição
Seção
Artigos