GAGUEIRA E O EFEITO DESSA FALA

Autores

  • Célia Regina CARNEIRO IEL/Unicamp

Palavras-chave:

Aquisição de Linguagem, Gagueira, Subjetividade

Resumo

RESUMO: O diagnóstico precoce e preciso da gagueira é, até o momento, uma impossibilidade que se depreende da literatura fonoaudiológica. A intervenção é proposta em função do período de tempo em se observa na fala de uma criança a presença das consideradas disfluências de fala. Fonoaudiólogos procuram descrever uma tipologia que permita caracterizar a gagueira e precisar seu diagnóstico. Na lingüística, essas características são apontadas como também presentes na fala do não gago, explicando a dificuldade de se chegar a essa tipologia. Destaque deve ser dado à variabilidade dos sintomas e a co-ocorrência de episódios de gagueira/ não gagueira na fala de um mesmo gago. Existe a fala do não gago, em que as disfluências provocam um efeito, e a fala, do gago, em que as disfluências provocam um outro efeito no interlocutor e no próprio gago. Essa é a diferença que, acredita-se, deva ser explorada e não tem sido considerada na maioria dos estudos que tendem a olhar e direcionar suas intervenções para o organismo, para a mente/cérebro, para o psicológico/ emocional ou para o social, vistos como causas dessa fala/ linguagem. Considerar o efeito que essa fala provoca no interlocutor/ falante gago implica em tomar a linguagem de um outro ângulo, em que ela é causa do sujeito; trata-se, assim, da relação entre linguagem e sujeito através da ação simbólica da primeira sobre o segundo, com tudo o que essa relação possa ter de singular. Desse ângulo, em que se observa a relação linguagem/ sujeito gago/ não gago, é que se pretende buscar outras explicações para a gagueira. Dados de fala gaga serão utilizados para a apresentação desta proposta. ABSTRACT: We will seek answers for several questions about stuttering from an angle in which the relationship between the language of the stutterer and the one of the non-stutterer is considered. This takes up and complements the assertion about the unfruitfulness and impossibility of the task of early diagnosis of stuttering. The assumption is that the diagnosis of stuttering is given by the stutterer himself, or his interlocutors, at any age, through the sensed effect of his speech. Developments and characteristics of such an approach will be presented and discussed.

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Publicado

2008-11-05