Platão versus Isócrates: divergências e convergências

Autores

  • Ticiano Curvelo Estrela de Lacerda Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Platão. Isócrates. Filosofia. Sofística. Retórica.

Resumo

No início do século IV a.C., Platão e Isócrates instituíram as duas mais importantes escolas de Atenas do Período Clássico. Cada um a seu modo, ambos buscavam oferecer uma espécie de “formação superior” aos jovens atenienses, quando estes já haviam adquirido certa “educação básica” do período. Por essa razão, os autores travaram longa disputa ideológica em torno de suas respectivas pedagogias, negando a sofística de seu tempo, e legitimando sua respectiva prática pedagógica sob a alcunha de “filosofia”. Todavia, quando se compara Platão e Isócrates, tende-se a enfatizar apenas a evidente rivalidade entre ambos. De fato, em virtude de suas concepções sobre “filosofia”, por exemplo, ambos estão radicalmente de lados opostos enquanto educadores. No entanto, se nos debruçarmos sobre alguns aspectos da obra desses autores, será possível também encontrarmos tanto pontos em comum que os aproximam, quanto pontos dissonantes que os distanciam. O presente artigo tem como objetivo discutir as divergências e convergências de pensamento entre Platão e Isócrates, a fim de demonstrar o quanto o estudo mais atento sobre essas convergências pode ser tão importante quanto o das divergências, e, assim, podermos pontuar melhor como de fato se deu essa rivalidade ideológica entre ambos.

Biografia do Autor

Ticiano Curvelo Estrela de Lacerda, Universidade de São Paulo

Possui Mestrado em Letras Clássicas pelo DLCV-FFLCH-USP, com auxílio de bolsa FAPESP, 2009-2011, e Graduação (Bacharelado e Licenciatura) em Letras (Português - Grego) também pelo DLCV-FFLCH-USP, 2004-2008. Atualmente, desenvolve pesquisa de Doutorado em Letras Clássicas, pela mesma Universidade, com o auxílio de bolsa FAPESP, 2012. É membro da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, da Sociedade Brasileira de Retórica, e do RHETOR - Grupo de Estudos de Retórica e Oratória Grega (UnB). 

Referências

BENOIT, William. “Isocrates and Plato on Rhetoric and Rhetorical Education”, Rhetoric Society Quarterly, Vol. 21, No. 1 (Winter, 1991), pp. 60-71.

BLOOM, Allan David. The Political Philosophy of Isocrates. Tese de Doutorado, University of Chicago, IL, USA, 1955.

COLE, Thomas. The origins of Rhetoric in Ancient Greece. Baltimore & London: The John Hopkins University Press, 1991.

COOPER, John M. Knowledge, nature and the Good: Essays on the Ancient Philosophy. Oxford: Princeton University Press, 2004.

FORD, Laura Christian. The Sophistic Trichotomy of Natural Hability, Practice and Knowledge in the Educational Philosophy of Isocrates. Tese de Doutorado, Princeton University, 1984.

HALLIWELL, Stephen. Philosophical Rhetoric or Rhetorical Philosophy? In: SCHILGEN, Brenda Deen. The Canon Rhetoric. Detroit: Wayne State University Press, 1997.

HERMIDA, Juan Manuel Guzmán. Isócrates, Discursos I y II. Madrid: Editorial Gredos, 1979.

HOWLAND, R. L. “The Attack on Isocrates in the Phaedrus”, The Classical Quarterly, Vol. 31, No. 3/4 (Jul. - Oct., 1937), pp. 151-159.

KENNEDY, George A. A new History of Classical Rhetoric. Princeton: Princeton University Press, 1994.

LACERDA, Ticiano Curvelo Estrela de. Contra os Sofistas e Elogio de Helena de Isócrates: tradução, notas e estudo introdutório. Dissertação de Mestrado apresentado à FFLCH-USP, 2011.

MATSON, W. I. “Isocrates the Pragmatist”. The Review of Metaphysics, Vol. 10, Nº3, 1957, pp. 423-427.

MCADON, Brad. “Plato’s Denunciation of Rhetoric in the Phaedrus”, Rhetoric Review, Vol. 23, Nº1. 2004, pp. 21-39.

NORLIN, George. Isocrates, 3 volumes, The Loeb Classical Library, Harvard: Harvard University Press, 1928.

PLATÃO. Eutidemo. Tradução, apresentação e notas de Maura Iglésias. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO, Loyola, 2011.

PLATÃO. Fedro: Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: ED.UFPA, 2011.

PLATÃO. Górgias. Tradução, ensaio introdutório e notas de Daniel Rossi Nunes Lopes. São Paulo: Perspectiva, FAPESP, 2011.

PLATÃO. República. Organização e Tradução de Jacob Ginsburg. São Paulo: Perspectiva, 2010.

SCHIAPPA, Edward. The Beginnings of Rhetorical Theory in Classical Greece. New Haven: Yale University Press, 1999.

SCHIAPPA, Edward. Did Plato Coin Rhetoriké? American Journal of Philology, 111, 1990, pp. 457-470.

TOO, Yun Lee. A Comentary On Isocrates’ Antidosis. Oxford: Oxford University Press, 2008.

VICKERS, Brian. In Defense of Rhetoric. Oxford: Clarendon Press, 1998.

VRIES, G. J. A Commentary on the Phaedrus of Plato. Amsterdam: Adolf M. Hakkert – Publisher, 1969.

Downloads

Publicado

2015-12-17

Edição

Seção

Artigos