Vocativos e contexto discursivo na República de Platão

Autores

  • José Marcos Macedo Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Platão. Língua clássica.

Resumo

Os diálogos platônicos estão repletos de vocativos, e alguns estudiosos já tentaram explicar tal peculiaridade, mas as condições que governam seu uso permanecem obscuras. O presente trabalho concentra-se em quatro dos vários vocativos atestados na República de Platão: áriste, béltiste, phíle e hetaîre. Atenção é dada a suas características sintáticas e semânticas, mas minha principal preocupação é o contexto discursivo em que os vocativos se encontram inseridos. Como sugiro, áriste e béltiste podem ser interpretados como uma forma de desagravar uma ação que ameaça a dignidade do interlocutor. Por sua vez, phíle e hetaîre podem ser vistos, ao menos em parte, como um recurso que contribui para administrar o tópico discursivo, seja introduzindo um novo tópico, seja compartimentando-o, seja sublinhando o foco ou a informação nova da sentença. Os vocativos, portanto, são estudados em seus níveis individual, interpessoal e textual; embora opcionais, argumento que não são um recurso irrelevante em termos contextuais.

Biografia do Autor

José Marcos Macedo, Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV)Língua e Literatura Grega

Referências

ALMEIDA PRADO, A. L. A. (trad.) (2006), Platão – A República [ou Sobre a justiça, diálogo político]. São Paulo.

ASHDOWNE, R. (2002), “The vocative’s calling? The syntax of address in Latin”, in I. J. Hartmann e A. Willi (eds.). Oxford University Working Papers in Linguistics, Philology & Phonetics 7. Oxford, 143-62.

BROWN, P. e LEVINSON, S. C. (1987), Politeness: Some Universals in Language Usage. Londres.

BUSSE, B. (2006), Vocative constructions in the language of Shakespeare. Amsterdã.

DICKEY, E. (1996), Greek forms of address. From Herodotus to Lucian. Oxford.

DENNISTON, J. D. (19542), The Greek Particles. Oxford.

FRAENKEL, E. (1965), “Noch einmal Kolon und Satz”, Bayerische Akademie der Wissenschaften, Philosophisch-Historische Klasse: Sitzungsberichte 2. Munique.

GILDERSLEEVE, B. L. (1900-11), Syntax of classical Greek. Nova York.

HALLIWELL, S. (1993), Plato – Republic 5. Warminster.

HALLIWELL, S. (1995), “Forms of address: Socratic vocatives in Plato”, in F. de Martino e A. H. Sommerstein (eds.). Lo spettacolo delle voci. Bari, 87-121.

KROON, C. H. M. (1995), Discourse particles in Latin: a study of nam, enim, autem, vero and at. Amsterdã.

KÜHNER, R. e GERTH, B. (1898-1904), Ausführliche Grammatik der griechischen Sprache. Zweiter Teil: Satzlehre. Erster Band. Hanover.

LEVINSON, S. C. (1993), Pragmatics. Cambridge.

LLOYD, M. A. (2006), “Sophocles in the light of face-threat politeness theory”, in de Jong, I. J. F. & A. Rijksbaron (eds.). Sophocles and the Greek language. Aspects of diction, syntax and pragmatics. Leiden, 225-41.

RIJKSBARON, A. (2007), Plato – Ion, Or: On the Iliad. Edited with Introduction and Commentary. Leiden, Boston.

WAKKER, G. (2009), “‘Well I will now present my arguments’. Discourse cohesion marked by OYN and TOINYN in Lysias”, in S. Bakker e G. Wakker (eds.). Discourse cohesion in Ancient Greek. Amsterdã, 63-81.

WATTS, R. (2003), Politeness. Cambridge.

Downloads

Publicado

2013-02-25

Edição

Seção

Artigos