O clítico se e a ênclise no português clássico

Autores

  • André Antonelli

Resumo

No Português Europeu, do século XVI ao XIX, a ênclise e a próclise podem co-ocorrer no contexto sintático das orações afirmativas finitas não-dependentes XP-V, sendo XP um sintagma de natureza [+ referencial]. Em textos escritos antes do século XVIII, período este em que o uso da próclise predomina nesse contexto específico, Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005) notam que a opção pela ênclise está fortemente associada ao uso do clítico se. Elas mostram que, em textos dos séculos XVI e XVII, um alto percentual de ênclise em sentenças sujeito-iniciais tipicamente traduz-se em uma alta proporção da ordem “sujeito + verbo + clítico se”. Esse mesmo paradigma, porém, não é observado para os textos dos séculos XVIII e XIX, a partir de quando passa a ocorrer um aumento generalizado no uso da ênclise. Isso porque, nos textos escritos por autores nascidos após 1700, a distribuição da ênclise com se e com os outros clíticos é muito mais balanceada. Dada essa particularidade no fenômeno da colocação de clíticos do Português Europeu envolvendo o pronome se, procuramos propor, dentro do quadro teórico da gramática gerativa, uma explicação para a relação entre a ênclise e o clítico se nos séculos XVI e XVII.

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Publicado

2010-01-22

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Seção

Artigos