A PERCEPÇÃO DO OUTRO: A NOÇÃO DE HISTORIOGRAFIA EM TESES DOS CURSOS DE LETRAS

Autores

  • Maria Siqueira Santos Universidade Estadual de Londrina

Resumo

A PERCEPÇÃO DO OUTRO: A NOÇÃO DE HISTORIOGRAFIA EM TESES DOS CURSOS DE LETRAS Maria Siqueira SANTOS Resumo: A fim de mapear a prática discursiva historiográfica contemporânea, esse trabalho se volta ao estudo da concepção e utilização do discurso historiográfico nos trabalhos realizados por alunos dos cursos de doutorado em Letras. Os trabalhos pesquisados e selecionados foram financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e abordam assuntos que dizem respeito às questões epistemológicas referentes à historiografia e à literatura contemporâneas. Antes, porém, procuro estabelecer algumas diferenciações conceituais entre o discurso literário e o discurso científico, trabalhando a ideia de que, por serem linguagens distintas, a ficção e a ciência produzem conclusões diferentes acerca de seus objetos de pesquisa. Além do mais, pretendo discutir o conceito de episteme, de Michel Foucault, para pensar a necessidade ou não da criação de um novo conceito para caracterizar a episteme contemporânea. Palavras-chave: Teoria da História, Literatura, Pós-modernidade Abstract: In order to map the contemporary discursive practice of historiography, this article turns to the study of the conception and use of historiographical discourse in theses defended by PhD students of Literature. The theses searched and selected were financed by the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel (Capes) and address subjects that are related to some epistemological issues concerning contemporary historiography and literature. But first, I´ll try to establish some conceptual differences between literary discourse and scientific discourse, working on the idea that, because they are different languages, fiction and science produce different conclusions about their research subjects. Furthermore, I intend to discuss the concept of episteme written by Michel Foucault to think about whether or not the establishment of a new concept is necessary to characterize the contemporary episteme. Keywords: Theory of History, Literature, Postmodernism As ciências humanas apresentam como homem o indivíduo disciplinar (Foucault, 1973-74, p. 72). Essa frase, pronunciada por Michel Foucault durante o curso O poder psiquiátrico, ministrado entre os anos de 1973 e 1974, no Collège de France, indica a concepção do filósofo quanto ao saber produzido pelas ciências humanas num período em que predominava, entre as relações sociais, o poder disciplinar. Nesse curso, Foucault ocupou-se em historicizar as práticas psiquiátricas, mais especificamente aquelas realizadas por médicos franceses, voltadas para o tratamento de doentes mentais ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX. Na ocasião, o foco de sua análise estava nas relações de poder que percorriam os espaços psiquiátricos: o poder em exercício, aquele que circula pelos corredores do asilo envolvendo médicos, vigilantes, serventes e doentes, colocando em conflito as diversas formas de apreensão do mundo. Contudo, ao discutir a constituição de tais práticas médicas proto-científicas e científicas, o filósofo, nesse curso, discorreu sobre a noção de episteme e, além disso, debateu sobre suas características ao longo do tempo, apontando para as transformações relativas à passagem da episteme clássica à contemporânea, ou seja, do poder disciplinar ao bipoder . Na interseção da episteme clássica para a contemporânea Foucault supôs o momento de criação de um saber específico, o saber científico, que produziu uma dada interpretação do mundo, dos indivíduos e de suas relações. Essa interpretação é, pois, produto cultural de uma época; produto cultural que é, por sua vez, uma prática discursiva, e que tem, portanto, história. Há que se atentar, em vista disso, para as diferenças existentes entre esses dois conceitos utilizados por Foucault: saber e episteme. Os saberes, como os discursos científicos, estão inseridos no movimento da vida, possuem essa dimensão histórica inerente às formas culturais de expressão humana e, por isso, podem ser isolados em um determinado espaço-tempo. A episteme, por sua vez, tenta conceitualmente se livrar da historicidade, ela é entendida como uma forma sem conteúdo, uma categoria vazia que é preenchida por sentidos discursivos de uma determinada época. No momento em que caracterizamos a episteme como renascentista, iluminista (clássica) ou contemporânea é que damos a ela seu sentido histórico. A definição de episteme apresentada por Roberto Machado em Foucault: a ciência e o saber pode nos ajudar a entender esse conceito: Episteme não é sinônimo de saber; significa a existência necessária de uma ordem, de um princípio de ordenação histórica dos saberes anterior à ordenação do discurso estabelecida pelos critérios de cientificidade e dela independente. A episteme é a ordem específica do saber; a configuração, a disposição que o saber assume em determinada época, e que lhe confere uma positividade como saber. (Machado, 2006, p. 133). Se o conceito de episteme dá conta de escapar à historicidade por se tratar de uma categoria de ordenação é um assunto bastante controverso e interessante, no entanto, deverá ser abordado em outra ocasião. De volta à frase citada no início do artigo, temos que o homem enquanto produto da sociedade disciplinar é atravessado por determinadas práticas discursivas que o narram de maneira singular. Esses discursos disciplinares, todavia, exercem um tipo anônimo de poder de sujeição sobre os indivíduos, pois criam sobre eles saberes e valores que os conformam e os subjetivam. O discurso científico é, portanto, uma representação objetiva do homem, ou seja, uma objetivação de subjetivações discursivas. A maneira como a ciência inventa seu objeto de estudo é, portanto, bastante peculiar. O discurso científico em questão: historiografia e crítica literária contemporâneas A ideia desse trabalho de pesquisa, de forma bastante ampla, é estudar o discurso que a ciência produz ao interpretar as relações humanas por meio de um produto cultural que não não é regido pelos seus princípios: a literatura. Para tanto, tenho trabalhado com dois campos de conhecimento das ciências humanas: a historiografia e a teoria (crítica) literária . Quanto à historiografia, acredito ser importante fazer uma diferenciação entre os conceitos história e historiografia. A história, tão antiga quanto a transmissão da memória, existe desde que os membros dos primeiros grupos humanos se puseram a contar aos seus descendentes os acontecimentos vividos e conhecidos. Ela é, portanto, “[...] uma forma cultural através da qual os homens [de uma dada] contemporaneidade se relacionam com seus eventos e com o passado” (Veyne apud Rago, 1995, p. 73). Enquanto uma narrativa monumental, entretanto, a história vem sendo construída desde os tempos antigos. Heródoto de Halicarnasso, já no século V antes de Cristo, transpôs em escrita as conquistas persas sobre povos da Mesopotâmia e do Egito, exaltou a habilidade político-militar de Dario, relatou as maravilhas arquitetônicas da Babilônia, contou sobre as acirradas disputas militares e territoriais entre persas e gregos. Escreveu sobre formigas gigantes, serpentes voadoras e ovelhas com caudas muito grandes. Ele contava histórias, transpunha o instante em palavras, criava narrativas, e dizia, no início de em suas Investigações, que seu objetivo era preservar a memória do passado. Porém, já alertava àqueles que tenderiam a se iludir com a procura pela imparcialidade: “se alguém propusesse a cada homem que escolhesse os melhores costumes dentre todos os que existem, ele os examinaria cuidadosamente e escolheria os dele mesmo.” (Heródoto apud Hughes-Warrington, 2002, p. 183-190). Heródoto, portanto, não fazia historiografia, não se fundamentava nos princípios metodológicos modernos de pesquisa, análise e estrutura narrativa, pois esses preceitos só passaram a dar um tipo (decisivo) de conformação à história a partir do século XIX, no momento em que, segundo a escritora canadense Linda Hutcheon, ocorre a instituição da história científica de Ranke (Hutcheon, 1991, p. 141). Somente nesse universo intelectual novecentista é que o racionalismo científico se tornou preponderante na promoção de um discurso de verdade a respeito do passado e de sua memória. Assim o fez, todavia, elegendo como modelo de análise de fontes o método crítico que, segundo os teóricos dessa vertente, conseguiria atingir a essência do acontecimento passado. No entanto, Esta perigosa ingenuidade da epistemologia positiva, que trata o texto como prova de si mesmo, faz da verdade um achado. Ou seja, enquadra o objeto, forçosamente, num contexto ideal, coerente e ordenado. Há tempos está operação simples e viciosa está desautorizada pela historiografia profissional. Mas se persiste, é porque usos anacrônicos da história encontram legitimidade entre determinado público [...]. (Ivano, 2007, p. 4) Por isso, não seria honesto promover a escola metódica com a única expressão teórica da historiografia desde o século XIX. Ao longo do século XIX, XX, e também no XXI, a historiografia tomou contornos variados. Diversos historiadores franceses, ingleses, brasileiros e de outros locais do mundo acadêmico, ao refletir sobre seu fazer, incorporaram novos problemas, abordagens e objetos de análise, provocando transformações consideráveis no campo da historiografia. Foi fundamental a contribuição dos historiadores dos Annales, por exemplo, para as mudanças conceituais incorporadas ao discurso científico historiográfico no último século, especialmente no que diz respeito à ampliação do campo documental. No entanto, os teóricos dessa escola, de forma geral, mantiveram a ideia de que o passado poderia ser reconstruído por meio da análise de vestígios e que, além disso, quanto mais profunda fosse essa análise, mais próximo se estaria da experiência vivida. Conforme Marc Bloch, em Apologia da história ou o ofício de historiador: O passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa. [...] Procedimentos de investigação até então desconhecidos [...] surgiram. Sabemos melhor que nossos predecessores interrogar as línguas acerca dos costumes, as ferramentas acerca do artesão. (Bloch, 2001, p. 75) São os historiadores categorizados como pós-modernos, portanto, que trazem para o campo da historiografia a questão da textualidade do passado, ou seja, da noção de que mesmo tendo acontecido, o passado só pode nos chegar como narrativa (Jenkins, 2007, p. 28). Sendo assim, postulam a mutabilidade do passado, uma vez que ele se dá na linguagem e, portanto, é interpretado, não recomposto. São sempre os interesses de quem olha para o passado que determinam aquilo que dele será valorizado, ressaltado ou menosprezado. Enfim, o passado não tem um rosto, mas fisionomias, e estas são construídas enquanto ‘representações’ por homens que em suas épocas convocam os espíritos do passado em seu auxílio. Há, entretanto, um conluio, uma cumplicidade que aproxima homens de épocas diferentes, passado e presente, ‘sujeito’ e ‘objeto’. O passado é capaz de comunicar experiências, nós, entretanto, não temos acesso a elas, senão através de uma construção nova da experiência passada. (Giannattasio, 1998) Nesse ponto reside uma questão importante: ainda que os historiadores pós-modernos afirmem a impossibilidade de a linguagem dar conta da verdade empírica, será possível localizar a historiografia fora do campo científico? Coloco essa questão porque me parece redundante adjetivar a ciência como moderna, uma vez que em sua historicidade, a ciência é um saber moderno. Sendo assim, não seria contraditório nomear a ciência historiográfica como pós-moderna? Tendo como fundamento o conceito de episteme de Foucault, procuro discutir as transformações que a ciência, enquanto um produto da sociedade disciplinar e base formadora da sociedade moderna, sofreu ao longo da episteme contemporânea. A ideia é inferir se o conceito de episteme contemporânea de Foucault (que abrange os séculos XVIII, XIX e XX) poderia ser estendido até o século XXI e abarcar o paradigma de nossa contemporaneidade ou se essa atual conjuntura apresentaria características singulares que justificariam a elaboração de uma nova conceituação da episteme atual: a “episteme pós-moderna”. Para tanto, pretendo pensar sobre as seguintes questões: quando o conceito de pós-modernidade emergiu como tema de debates teóricos, como discurso e como preocupação histórica? Quais seriam as possíveis características de um discurso científico pós-moderno? Seria uma característica dos discursos teóricos da pós-modernidade a consciência de sua transitoriedade? Por hora, darei continuidade ao meu texto considerando a historiografia um discurso científico, assim como a crítica literária, já que são discursos que se veiculam em centros universitários e são pautados por toda uma determinada produção científica. Entretanto, esse é um dos temas que será mais bem estudado ao longo da pesquisa. Enfim, mesmo sendo diferentes, os conceitos de história e historiografia são em muitos casos utilizados indistintamente. É muito comum que, ao discutir sobre questões epistemológicas da historiografia, pesquisadores de diversas vertentes teóricas chamem-na de história. Vejamos alguns casos. “[...] a história constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo. Embora esses discursos não criem o mundo (aquela coisa física na qual aparentemente vivemos), eles se apropriam do mundo e lhe dão todos os significados que têm. O pedacinho de mundo que é o objeto [...] de investigação da história é o passado. A história como discurso está, portanto, numa categoria diferente daquela sobre a qual discursa.” (Jenkins, 2007, p. 23-4, grifo meu.) O trecho acima foi tirado do livro A história repensada, do historiador inglês Keith Jenkins, e apresenta a palavra história em lugar de historiografia, pois é a última que tem o passado como objeto de investigação. Pois bem, a diferença entre história e historiografia reside na diversidade de sentidos que elas produzem sobre o passado, não na questão da discursividade. A noção de que tanto uma quanto a outra são construções sociolinguísticas é compartilhada por outros teóricos contemporâneos que se debruçam sobre questões referentes à teoria da história, como é o caso do estadunidense Hayden White. Em um artigo intitulado “Teoria da literária e escrita da história” (1991), publicado no Brasil pela revista científica Estudos Históricos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que a história, assim como a historiografia, não acontece puramente, ela é produzida. Dessa forma, o passado, diz ele, só nos chega por meio da linguagem. O romancista, na opinião de White, escapa à cientificidade, o que não ocorre com o historiador, no entanto, nenhum desses profissionais pode escapar à narrativa, ou seja, à história. E onde mora a diferença, então? Na linguagem. A linguagem do romancista, a ficção, a literatura é diferente da linguagem da historiografia (embora ambas sejam histórias). Nesse sentido a literatura está em uma categoria enquanto a historiografia e a crítica literária estão em outra. O romance é uma narrativa (história) ficcional enquanto a historiografia e a crítica literária são narrativas (histórias) científicas. Romances são fontes de pesquisa tanto para historiadores quanto para críticos literários e, apesar de as duas correntes de pensamento produzir discursos científicos e estarem inseridas em uma mesma episteme, elas criam diferentes modelos interpretativos a respeito do homem. A literatura como fonte de pesquisa científica Tendo em mente as diferenças conceituais entre literatura e crítica literária; história e historiografia, me proponho a analisar de que maneira a narrativa é acessada por António Lobo Antunes, um romancista português contemporâneo que ao escrever seus textos ficcionais estabelece fortes correspondências com os acontecimentos vividos por uma coletividade de atores históricos. Chamaremos essas narrativas de romances históricos contemporâneos, embora para esses mesmos textos sejam dados outros nomes, tais como metaficção historiográfica, novíssimo romance histórico ou romance histórico pós-moderno. A literatura enquanto forma cultural produtora de sentidos sobre os seres humanos e seus modos de existência é uma fonte riquíssima de pesquisa para críticos literários e historiadores. Por quê? O que faz da literatura uma importante fonte de pesquisa para a ciência? Visto que o objetivo da historiografia e da crítica literária é estabelecer um conceito de homem, nada melhor que procurar nas produções culturais que se refiram, de maneira ampla e alegórica, às relações humanas e apresentem características históricas desse homem em observação. Pois, como tão oportunamente analisou Tzvetan Todorov em Literatura em perigo: “[...] Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser humano.” (Todorov, 2009, p. 92-3). Todorov se refere à possibilidade de apreensão da condição humana que qualquer leitor tem a partir da leitura de um texto ficcional. Pensemos, portanto, nos cientistas contemporâneos que têm essas produções literárias, especificamente os romances históricos, como fonte de pesquisa. Eles assim o fazem porque sabem que esse tipo de produção tem uma expressiva ancoragem na realidade vivida e, por isso, procuram na literatura os indícios que lhe permitam perscrutar a respeito da alma humana. Em tempo, assim como a ciência tem sua história, a literatura também tem. Se o romance histórico enquanto categoria literária remonta ao século XIX é fundamental, então, localizar no espaço-tempo o romance histórico contemporâneo. Uma possibilidade de trabalho é analisar as transformações que ocorreram ao longo do tempo com esse tipo de romance, para tanto, eu teria de retroceder minha análise aos séculos XVIII e XIX a fim de mapear a ascensão do romance histórico como categoria literária. No entanto, acredito que o espaço desse artigo será mais bem utilizado se eu me ativer às características do romance histórico contemporâneo. Primeiramente gostaria de explicar meu interesse pelo romance histórico. Enquanto praticante/produtora da discursividade historiográfica nesse início de século XXI, me inquietam algumas questões referentes à prática contemporânea da historiografia. Trata-se, portanto, de tentar perceber as características do discurso historiográfico incorporado pela crítica literária na contemporaneidade e, então, analisar que tipo de apreensão se produz sobre a ficção, se é um tipo de apreensão que justificaria a criação de um conceito novo para nomear a ciência contemporânea ou não. Se for o caso do estabelecimento de um novo conceito, seria a categoria “pós-moderna” a melhor maneira de enquadrar essa ciência de nosso tempo? Para isso, preciso mapear e analisar os debates teóricos que veem sendo realizados em diversos centros intelectuais de pesquisa e que tratam a respeito desses conceitos de pós-moderno, pós-modernidade e pós-modernismo. Controversa e polêmica, essa questão conceitual provoca as mais diversas reações nos mais diversos intelectuais das mais diversas áreas do conhecimento científico atual. Em seu livro anteriormente citado, Hutcheon estuda o pós-modernismo como um fenômeno cultural. Ela supõe a existência de uma estrutura conceitual flexível que constituiria e conteria a cultura pós-moderna e os discursos referentes e adjacentes a ela. Essa estrutura, seu objeto de estudo, seria, no campo da ficção, a “metaficção historiográfica” (Hutcheon, 1991, p. 11). A questão que a autora procura resolver ao longo de seu livro diz respeito às questões epistemológicas referentes à historiografia e a literatura contemporâneas. Qual seria o limite entre esses dois campos? Quais as aproximações e os afastamentos que existiriam entre eles? Será que a diferenciação fato/ficção poderia determinar as fronteiras entre historiografia e literatura? As respostas de Hutcheon a essas questões giram em torno da pós-modernidade que, de acordo com ela, não funciona dialeticamente. As produções pós-modernas não se oferecem à resolução das contradições do contexto histórico-político no qual são construídas, entretanto, são construtos sóciolinguísticos que se auto-representam e que, por isso, são históricos. “[...] O que a escrita pós-moderna da história e da literatura nos ensinou é que a ficção e a história são discursos, que ambas constituem sistemas de significação pelos quais damos sentido ao passado [...]. Em outras palavras, o sentido e a forma não estão nos acontecimentos, mas nos sistemas que transformam esses “acontecimentos” passados em “fatos” históricos presentes. Isso não é um “desonesto refúgio para escapar à verdade”, mas um reconhecimento da função de produção de sentido dos construtos humanos.” (Hutcheon, 1991, p. 122) O teórico estadunidense Fredric Jameson, autor do texto “Teorias do pós-moderno”, apresenta cinco ou seis visões teóricas sobre o momento contemporâneo e suas nominações, indicando as contradições e polêmicas que tais conceitos despertam. Para o autor, contudo, o problema do pós-modernismo é ao mesmo tempo estético e político. As várias posições que podem ser logicamente tomadas diante [do problema do pós-modernismo] sejam quais forem os termos nos quais elas se expressem, aparecem sempre articulando visões de história nas quais a avaliação do momento social em que vivemos hoje é o objeto de uma afirmação ou de um repúdio essencialmente políticos. Com efeito, a própria premissa que permite o debate se torna um pressuposto inicial estratégico sobre o nosso sistema social: garantir alguma originalidade histórica à cultura pós-modernista é também afirmar implicitamente uma diferença estrutural radical entre o que é por vezes chamado de sociedade de consumo e os momentos anteriores do capitalismo a partir dos quais ela surgiu. (Jameson, 2006, p. 47) Pois bem, pensando sobre essas polêmicas em torno da criação ou não de um conceito que dê conta de caracterizar nosso momento histórico, me veem à mente as seguintes questões: existe relação entre um momento histórico e a produção literária? Se a resposta for afirmativa, como essa relação se configura? Como os romances históricos contemporâneos narram os acontecimentos vividos? O fato de um escritor utilizar a ficção como veículo de expressão de ideias, como um meio de comunicação, torna seu texto falso, mentiroso? Ou seja, seria a literatura uma falsificação da realidade? Como dito anteriormente, para realizar esse estudo escolhi um dentre tantos romancistas contemporâneos. Autor de cerca de duas dezenas de livros, Lobo Antunes coloca seus personagens para narrar histórias comuns e individuais de homens e mulheres que viveram ou se envolveram em movimentos políticos e sociais ocorridos nos últimos trinta/quarenta anos em Portugal e suas antigas colônias. Em muitas dessas histórias, Lobo Antunes ocupa posições ambíguas, ora é relator, ora confidente, ora narra acontecimentos que sabemos, pela sua biografia, remetem à sua experiência vivida, à rememoração do passado. Seus textos são como furos no futuro por onde o passado começa a jorrar. (Seixas, 1989) Os romances antunianos são compostos por uma diversidade de vozes narrativas, fluxos de pensamento e se inter-relacionam à medida que vão sendo lidos/ouvidos pelo leitor. Lobo Antunes também lança mão, em suas narrativas, das experiências/percepções de vida que lhe foram acessíveis por meio de sua escuta analítica. O acontecimento da guerra, por exemplo, as perseguições políticas, as decepções familiares, o descontentamento com a vida, a desilusão, os desejos, os sonhos, situações que foram vivenciadas por tal número de portugueses. Mas mergulhar nos desvãos da mente humana é complicado. E Lobo Antunes sabe transpor para o papel esta complicação toda. É possível que o leitor se sinta atordoado. [...] Os personagens são seres muito particulares, idiossincráticos, indefiníveis. O coletivo inexiste. As pessoas não andam nem agem em bando. Mais importante: não sentem em bando. Até mesmo a guerra não é vista como uma ação organizada de um grupo militar. Lobo Antunes olha para cada personagem com atenção individualizada. (Polzonoff apud Mello, 2010). Do alto de seu divã literário, Lobo Antunes navega pela complexidade da mente humana e cria sua interpretação acerca das relações psíquicas e interpessoais de seus contemporâneos. Que tipo de objeto cultural é, então, um romance histórico como o de Lobo Antunes? Que sentido suas narrativas dão ao passado? Serão elas paródias da produção historiográfica portuguesa contemporânea? Por que a literatura é uma fonte recorrente na análise de críticos literários e historiadores? Que tipo de conhecimento o discurso científico contemporâneo é capaz de criar a partir do estudo desse tipo de produção cultural? A crítica literária como fonte de pesquisa científica Em vista disso, procurei me envolver com uma fonte de pesquisa que me possibilitasse investigar a produção contemporânea de conhecimento a respeito do homem. Para empreender tal pesquisa, no entanto, vejo-me às voltas com uma questão epistemológica crucial para a historiografia: o estudo do presente. É de conhecimento comum de estudiosos e leigos no assunto que os historiadores se ocupam em interpretar o passado. Contudo, há que se atentar para o fato de que, mesmo focalizando sua análise no passado, os historiadores estão completamente imersos em seu tempo presente. Segundo Raquel Glezer (2007), o objeto e o tema de uma pesquisa historiográfica têm, necessariamente, a introjeção do tempo presente em suas entranhas. Portanto, tenho a intenção de estudar a recepção do discurso historiográfico contemporâneo nos trabalhos feitos por alunos dos cursos de Letras, incluindo os cursos de pós-graduação em Estudos Literários, História e Crítica Literária, Ciência da Literatura, Teoria Literária e Literatura Comparada, entre outros. Ao analisar essas teses, procurarei perceber qual a noção de história que elas trazem à tona, como elas encaram a problemática entre literatura e historiografia, de que maneira se apropriam do discurso historiográfico para legitimar sua argumentação, se e como utilizam o conceito de pós-modernidade e, por fim, a que escola de pensamento historiográfico essa argumentação se filia. O objetivo, por conseguinte, é perceber como a ciência historiográfica é acessada pelos críticos literários, ou seja, como ela se dá na contemporaneidade enquanto uma prática discursiva. A percepção do outro: a noção de historiografia em teses dos cursos de letras Pois bem, minhas fontes de pesquisa são teses de doutorado defendidas em cursos de Pós-Graduação em Letras ofertados por universidades brasileiras públicas e privadas. Todas elas foram financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e analisam romances históricos contemporâneos. A pesquisa foi realizada no banco de teses online da Capes . Nas primeiras pesquisas realizadas no banco de teses, utilizei as palavras-chave “literatura e história”, “pós-modernidade”, “metaficção historiográfica”, “novo romance histórico”, “romance histórico pós-moderno” e “romance histórico contemporâneo”. A pesquisa por meio de palavras-chave é uma característica dos mecanismos de busca da internet, que apresentam uma espécie de funcionamento rizomático, como sugere a professora Silvana Drumond Monteiro (2008), que apresenta, com base no conceito de rizoma de Gilles Deleuze e Felix Guattari em Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, os princípios básicos dos mecanismos de busca. Esse assunto, entretanto, demanda uma longa discussão a respeito das possibilidades de pesquisa que a internet oferece aos pesquisadores contemporâneos, pois esses mecanismos de procura transformaram o cotidiano de pesquisa de mestrandos e doutorandos de qualquer área do conhecimento científico contemporâneo. Decidi, então, analisar as teses que trabalham com os romances de António Lobo Antunes. Encontrei 18 teses, datadas entre os anos de 1999 e 2008, todas defendidas em cursos de Letras nas seguintes universidades: UFRJ, PUC-RS, USP, PUC-RJ, UNESP-ASSIS, PUC-MG, UFF, UFMG, UERJ, UFBA, UFRS. A primeira delas foi defendida no ano de 1999 e a última, em 2008, contudo, apenas as defendidas a partir de 2006, com exceção de apenas uma, de 2008, puderam ser encontradas em arquivo pdf através de sites institucionais na internet. Assim, das 18 teses encontradas no banco de dados da Capes, 8 delas foram baixadas por completo pela rede virtual. Todavia, como minha análise de fontes se encontra em um estágio inicial, ainda não tenho leitura suficiente para me arriscar a esboçar qualquer conclusão sobre a maneira como elas trazem para a discussão teórica o conceito de historiografia. Se assim o fizesse, estaria me precipitando e correndo o risco de fazer análises equivocadas. Apresentarei, então, algumas informações sobre cada uma delas. A primeira tese que consegui acessar pela internet foi defendida por Cid Ottoni Bylaardt, aluno do programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais. Intitulada Lobo Antunes e Blanchot: o diálogo da impossibilidade (figurações da escrita na ficção de António Lobo Antunes), a tese foi defendida em 2006. Dialogando com a produção teórica do intelectual francês Maurice Blanchot, o autor analisa sete romances do escritor português. Cada capítulo da tese, com exceção da Introdução e da Conclusão, traz a análise de um dos livros. Dessa maneira, Bylaardt selecionou os conceitos blanchotianos sobre literatura e relacionou-os com a escrita ficcional de Lobo Antunes. No capítulo 2, por exemplo, em que estuda o romance Manual dos Inquisidores, publicado em 1996, o autor investiga a ausência de narrador no livro e a multiplicidade de vozes narrativas. Essas vozes contam histórias iguais e diferentes, ou seja, apesar de haver uma convergência em relação aos assuntos narrados, não há nenhuma voz que ocupe um lugar de condução da história, que sirva como uma espécie de repositório da verdade narrada. Não há um narrador. Há um alguém — um grande inquisidor? — que ouve os relatos e os comentários das vozes que compõem a narrativa, ou as prestações de contas dos seres que transitam ou transitaram pelo universo da escrita. Esse alguém se encontra suspenso: supõe-se que ele tenha escrito o livro, mas não se sabe se ele apenas escuta e se limita a copiar, ou se ele modifica os depoimentos à revelia dos depoentes, se ele é sincero ou traiçoeiro, se ele tem um objetivo, ou se ele toma partido de alguém. (Bylaardt, 2006, p. 65-6) Além disso, o romance não segue uma linearidade cronológica, pois os relatos não são apresentados ao leitor dos mais antigos para os mais novos, eles têm outra lógica de organização. Em Estilhaços da guerra na obra de Lobo Antunes e de Pepetela, defendida em 2006 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a autora Cláudia Maria de Souza Amorim faz uma análise psicanalítica, baseada em Freud e Lacan, das obras Memória de Elefante, Os cus de Judas e O conhecimento do inferno, de Lobo Antunes, e Mayombe, do angolano Pepetela. Segundo a autora, a escolha desses livros recai sobre o fato de eles tratarem sobre o mesmo tema, a Guerra Colonial portuguesa, embora apresentem perspectivas diferentes: a de soldados portugueses e a de guerrilheiros angolanos. Descaminhos narrativos: estudo dos romances O sol dos trópicos e o Velo d'oiro, de Henrique Galvão e o Esplendor de Portugal, de António Lobo Antunes, de 2006, foi defendida na Universidade de São Paulo por Jeane de Cássia Nascimento Santos. Nela, Jeane compara dois tempos distintos: o início do século XX, tema das narrativas de Henrique Galvão, época em que o colonizador português se deslocava pelo território africano como se ali houvesse uma prolongação da nação lusitana, e segunda metade do século, pois o romance de Lobo Antunes enfoca esse período: a época da guerrilha angolana logo depois da revolução dos cravos. Nesse livro, os tempos áureos do colonizador português, no início do século, também aparecem na narrativa, porém, apenas na memória daqueles que narram a fuga de Angola após a retirada do exército português do país. O áspero humor de Lobo Antunes é o título da tese de Elizabeth Maria Azevedo Bilange, defendida em 2007 pela USP. Ela analisa as obras Manual dos Inquisidores, Esplendor de Portugal e Exortação aos crocodilos, chamando-as de trilogia do poder e violência. O objetivo do trabalho é estudar a construção estilística da comicidade e do riso em Lobo Antunes, utilizando, para tanto, os escritos de Freud sobre o humor e o chiste, bem como as teorias de Mikhail Bakhtin, Henri Bergson, entre outros. A tese seguinte, de Eugênio Drumond, também trata de questões relacionadas à comicidade na obra de Lobo Antunes. Intitulado O humor na ficção (autobiográfica) de António Lobo Antunes, o trabalho foi defendido em 2007 pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Apesar da coincidência de ano e de assunto dessa tese com a de Bilange, os livros analisados por Drumond são os mesmos trabalhados por Cláudia Maria Amorim, ou seja, Memória de Elefante, Os cus de Judas e O conhecimento do inferno. Ele procura estudar “a maneira pela qual o escritor português transforma experiências pessoais em suposto e risível “testemunho autobiográfico” (Drumond, 2007, p. 8) e de que forma ele utiliza a duplicidade, a ambiguidade e instabilidade para deliberadamente confundir memória e ficção. Defendida também em 2007, por Haidê Silva, aluna do programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo, a tese A metaficção historiográfica no romance “Os cus de Judas”, de António Lobo Antunes intenciona mostrar, por meio da narrativa ficcional do escritor português, que não existe uma única verdade a respeito do passado e, por isso, “o registro histórico documentado é apenas uma das verdades” (Silva, 2007, p. 6). O arcabouço metodológico que é utilizado para a interpretação do romance se baseia na teoria dos cronotopos de Mikhail Bakhtin. Em relação ao material teórico, a autora afirma que privilegiará os “autores que discutem de forma aprofundada o problema da relação entre ficção e história a fim de delimitar os limites de cada uma.” (Silva, 2007, p. 10) Em Vestígios do estranho no familiar: as crônicas de Lobo Antunes, Suzana Márcia Dumont Braga, da PUC de Minas Gerais, analisa os três livros de crônicas publicados por Lobo Antunes respectivamente nos anos de 1998, 2002 e 2006. Amparada por Freud e Lacan, bem como por Blanchot e Barthes, ela faz um estudo psicanalítico desses textos, que tratam de assuntos cotidianos e particulares da vida de Lobo Antunes. Por fim, a tese de Paulo Ricardo Kralik Angelini, defendida em 2008 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Intitulada Capelas imperfeitas: o narrador na construção da literatura portuguesa do século XXI, a tese apresenta interessantes debates acerca das possíveis posições do narrador na ficção, especialmente na ficção lusitana, tocando também na discussão referente ao posicionamento do leitor desses romances. Dentre uma porção de romances portugueses, o autor da teses analisa o livro Ontem não te vi na Babilónia, de Lobo Antunes. REFERÊNCIAS: BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício de historiador. Trad. de André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 [1942]. FOUCAULT, Michel. O poder psiquiátrico: curso dado no Collège de France (1973-1974). Edição estabelecida por Jacques Lagrange. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006. GIANNATTASIO, Gabriel. (1998) Malditos: capítulos da história no campo da história das ideias. Disponível em http://www2.uel.br/grupo-pesquisa/nero/arqtxt/NEROGabriel-Malditos.pdf. Acesso em 27 de fevereiro de 2010. GLEZER, Raquel. 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Publicado

2010-05-06