A POÉTICA DO EXÍLIO E A AUTOTEXTUALIDADE EM TRISTES E PÔNTICAS DE OVÍDIO

Autores

  • Laís Scodeler dos Santos Universidade Estadual de Campinas

Resumo

Neste artigo, analisaremos a autotextualidade existente em Tristes e Pônticas de Ovídio (43 a.C. – 17 ou 18 d.C.), de acordo com Vasconcellos (2001), e mostrarmos como o poeta exilado reflete acerca de sua carreira e como, ao fazê-lo, alude às suas próprias obras. Para tanto, nortearemos as análises pela teoria intertextual de Conte (1941) e Barchiesi (1997), e apresentaremos ecos textuais concretos da presença de obras escritas antes do exílio nas obras compostas em Tomos. Nossa abordagem volta-se para o ano 8 d.C., quando o poeta recebe de Augusto a condenação que o obrigaria a passar o resto de seus dias no desterro. Por ser condenado, Ovídio tem sua produtiva carreira interrompida. A interrupção causada pela sentença de Augusto influencia diretamente a produção de Ovídio que, antes da condenação, compunha os Fastos e polia os volumes das Metamorfoses. No entanto, com a drástica mudança de contexto, Ovídio sinaliza ao leitor que sua poesia também deveria mudar e passa a compor versos que refletem sua condição de exilado. E, ainda assim, a interrupção da carreira não impede o poeta de discuti-la em seus versos. Dessa forma, ele passa a refletir acerca de sua carreira poética aludindo às obras anteriores, como ocorre com a Arte de Amar. Ao fazê-lo, Ovídio traz aos versos o contexto de sua produção anterior ressignificando-o, uma vez que o contexto de sua poesia já não é o mesmo.

Biografia do Autor

Laís Scodeler dos Santos, Universidade Estadual de Campinas

Graduada em Letras Português-Latim pela Universidade Estadual de Campinas, Mestra em Linguística com ênfase em Estudos Clássicos pela Unicamp e doutoranda na mesma instituição.

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Publicado

2018-07-05