A INSISTÊNCIA DO VOCÁBULO ERRO EM CORPO DE BAILE, DE GUIMARÃES ROSA: UNIDADE E REVERSÃO

Autores

  • Clarissa Marchelli UNICAMP

Resumo

O presente trabalho visa destacar as passagens nas quais o léxico erro aparece em Corpo de Baile, de Guimarães Rosa, compreendendo o vocábulo enquanto escolha intuitiva do autor para construção e tratamento epistemológico dado às trajetórias seus herois. O trabalho apresenta uma leitura a contrapelo do erro trágico, defendendo que nesse ciclo a percepção de um engano e as questões éticas que dele decorrem, constituem o argumento rosiano de Corpo de Baile. A pesquisa procurou compreender de que forma essa escolha lexical responde à necessidade dos herois rosianos refutarem a si próprios, amparados pela emoção, e não exclusivamente pela razão. Se, por um lado, o método cartesiano de eliminação da dúvida e sua indelével conclusão - “Penso, logo existo” - coroa as faculdades cognitivas; por outro, pensadores contemporâneos alegam o desempenho das emoções em situações de impasse. Na medida em que desfaz o erro de Miguel através da presentificação de Diotima nas reflexões de Leandra, Guimarães Rosa, em “Buriti”, atualiza o diálogo platônico, O Banquete. Da hýbris trágica à noção filosófica de eudaimonia, Rosa aproveita as palavras de sacerdotisa Diotima para as reflexões de Leandra. Porém, mais do que desfazer na contemporaneidade um conflito outrora trágico, o autor ilustra no conjunto Corpo de Baile uma teoria da vontade humana mais harmônica com o imponderável.

Biografia do Autor

Clarissa Marchelli, UNICAMP

Graduação em Letras (Port./Grego) pela UFF. Mestrado em Letras (Literatura, Cultura e Contemporaneidade) pela PUC-Rio. Doutoranda em Letras (Teoria e História Literárias) pela UNICAMP.

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Publicado

2018-06-26