ESTOICISMO E CRISTIANISMO NA COSNTANTE FLORINDA: ABISMOS ENTRE A PAIXÃO HUMANA E O AMOR DIVINO

Autores

  • Marcelo LACHAT FFLCH/USP

Palavras-chave:

Teoria e Crítica Literária, Literatura Portuguesa

Resumo

RESUMO : A obra Infortúnios trágicos da constante Florinda, de Gaspar Pires de Rebelo, foi publicada em 1625. Devido ao sucesso alcançado pelo texto, veio a público, em 1633, uma continuação intitulada Constante Florinda parte II, em que se dá conta dos infortúnios que teve Arnaldo buscando-a pelo mundo. As duas partes, quanto ao gênero em que se inserem, fazem uso de elementos das epopéias em prosa gregas e bizantinas e das novelas de cavalaria ibéricas. A Constante Florinda (esse é o título pelo qual a obra ficou conhecida) foi muito lida nos séculos XVII e XVIII e praticamente esquecida nos séculos seguintes. Percebe-se, nos textos, um tema central: o amor firme e constante dos personagens principais (Florinda e Arnaldo), que viajam pelos mais diversos lugares, enfrentando incontáveis infortúnios, apenas para se manterem fiéis a seus amados. É um amor tanto mais virtuoso e persistente quanto mais se depara com vícios e desenganos do mundo, sendo preferível, em última instância, a morte a perder a honra entre peregrinações sem rumo e paixões sem freio. Mas tal amor, por mais virtuoso que seja, é também apenas paixão (pathos), pois tudo que está abaixo do Céu carece da perfeição divina. Assim, é intuito deste trabalho refletir sobre essas questões, baseando-se nos elementos estóico-cristãos que enformam o conteúdo da obra, cujo ofício é deleitar (delectare) e ensinar (docere) para mover (mouere) os leitores a agirem, sabiamente, frente aos infortúnios da vida. Afinal, o sábio estóico-cristão domina a Fortuna submetendo-se à Providência que rege o mundo, opera sempre perfeita da Razão divina. RÉSUMÉ: Le but de cet article est de réflechir sur le concept d’amour dans la Constante Florinda, de Gaspar Pires de Rebelo : une œuvre bien connue aux XVIIe et XVIIIe siècles et presque oubliée aux siècles suivants. Cette réflexion, en cherchant distinguer la passion (pathos) de l’amour, se base sur la philosophie stoïcienne des XVIe et XVIIe siècles qui était melangée au christianisme. Ainsi, pour l’homme, dans la perspective stoïcienne-chrétienne, l’amour, divin et parfait, s’est perdu depuis le péché originel et lui est restée seulement la passion, vicieuse et imparfaite.

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Publicado

2008-11-05