Letramentos para o trabalho nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: estudo exploratório.

Autores

  • Rafaela Marques Guimarães Lima Unicamp

Resumo

Este trabalho se insere no grupo de pesquisa "Letramentos no/para o Trabalho e Ensino de Língua Materna", coordenado pela professora Márcia Mendonça, que procura investigar as relações entre letramentos profissionais e ensino de língua materna, considerando a formação para o trabalho como um dos objetivos do ensino médio, em EJA ou no ensino regular. Estudar os letramentos no/para o trabalho é importante para a Linguística Aplicada, em virtude da escassez de estudos sobre o tema e também para compreender as dificuldades dos alunos que saem do ensino médio – tanto regular, quanto EJA – ao ingressarem no mercado de trabalho. É preciso ainda verificar se as propostas curriculares da área de linguagem contemplam as demandas de letramento dos contextos profissionais. Este trabalho, pautado nos conhecimentos de línguas estrangeiras, espanhol e arte, será desenvolvido com base nos conceitos de letramento (Soares, 1998), evento de letramento (Heath, 1982), letramentos profissionais (Mendonça, 2013, mimeo), nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio. O Art. 4º, II, das Diretrizes Curriculares cita “a preparação básica para o trabalho” como uma das finalidades da oferta do ensino médio. O Art. 5º, VIII cita a “integração entre educação e as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como base da proposta e do desenvolvimento curricular”. Com base nas Diretrizes Curriculares e suas citações referentes ao mundo do trabalho, o documento “Orientações Curriculares para o Ensino Médio” destaca a “preparação para o mundo do trabalho” (pág. 7) como parte da oferta do ensino médio. O capítulo 3 diz respeito ao conhecimento de línguas estrangeiras, o que exclui o ensino da língua espanhola, já que ela possui um capítulo específico. As habilidades abordadas no ensino de tais línguas focalizam na leitura, na prática escrita e na comunicação oral contextualizada. Uma pesquisa apresentada no documento mostra que o mercado de trabalho aparece quanto o assunto é língua estrangeira: “Pesquisador 1: E você pretende procurar um curso de inglês fora da escola? Aluno 2: Pretendo, viu? Pretendo porque o mercado de trabalho exige muito.” A resposta do aluno mostra que o ensino de língua estrangeira na escola é insuficiente para o ingresso no mercado de trabalho. No tópico sobre o conhecimento oral de uma língua estrangeira fica claro uma preocupação com o mercado de trabalho: “[...] o conhecimento básico de comunicação oral em Línguas Estrangeiras consta entre os requisitos para a seleção ao trabalho” e ao ressaltar que o contexto de uso da língua é mais importante do que sua gramática, o exemplo dado é o de um diálogo entre recepcionista e hóspede de um hotel (pág.121). No capítulo 4 do documento, abordam-se os conhecimentos de espanhol. Logo na introdução do capítulo, os autores destacam que a escolha pelo Espanhol como língua obrigatória no ensino médio é fruto de um desejo do Brasil em estabelecer relações com os países de língua espanhola, principalmente aqueles que fazem parte do Mercosul. Mas também deixam claro que o mercado não deve ser o objetivo fundamenta do ensino da língua. “Na nossa sociedade, o conhecimento de Línguas Estrangeiras é muito valorizado no âmbito profissional, porém, no caso do ensino médio, mais do que encarar o novo idioma apenas como uma simples ferramenta, um instrumento que pode levar à ascensão, é preciso entendê-lo como um meio de integrar-se e agir como cidadão”. No quinto e último capítulo do documento, os conhecimentos de arte são abordados. As instâncias abordadas são música, dança, artes visuais e teatro. O documento cita os liceus de artes e ofícios, que visavam a formação de mão de obra para o artesanato e a indústria emergente. “[...] forma de trabalho, de estrita erudição (“educação bancária”), de conhecimento, de estimulo a criatividade e experiência estética, de intervenção sociopolítica, de fortalecimento da identidade, entre outras” são algumas das ênfases que a arte já teve no currículo escolar. Sendo assim, a parte por mim estudada do documento passa por algumas questões ligadas ao mundo do trabalho em sala de aula. O ensino de línguas estrangeiras é o que mais contém citações ao mundo do trabalho, ficando mais escasso quando se pesquisa nos conhecimentos sobre o espanhol e arte.

Biografia do Autor

Rafaela Marques Guimarães Lima, Unicamp

Linguística Aplicada - Letras

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Publicado

2015-12-10